Explorando Brasília - DF
Intro
No ano de 2025, viajei para Brasília - DF para tirar o meu visto americano. Era uma tarefa que demorariam dois dias, então pensei o por que não aproveitar para passear e emendar o final de semana. Aproveitei para visitar a minha tia que não a visitava há anos.
E fiz uma das melhores viagens da minha vida.
Jornada
Pensei em ir de ônibus ou de avião, porém a primeira opção não tinha opções compatíveis com o horário da coleta de dados para o visto -- que seria realizada na quinta no início da manhã, mesmo saindo na quarta, eu chegaria no final da manhã em Brasília. Mas antes mesmo de pensar na segunda opção...
Gosto de dirigir, ademais eu teria companhia da minha amada e provavelmente quebraria um galho para resolver as pendências do visto.
E assim foi feito, saímos no início da tarde de quarta-feira e o roteiro seria: coleta de dados na quinta e entrevista consular na sexta. Para esses dois dias, reservei minha tarde e o restante da manhã para o trabalho home office, consegui suprir as minhas demandas enquanto estava fora. E o final de semana seria livre até domingo, quando retornaríamos para Uberlândia após o almoço.
Confesso que durante a viagem o medo de ter o meu visto negado me consumia, mas me tranquilizava pensar que pelo menos veria minha família.
A viagem foi tranquila, congestionamento ao passar por Araguari - MG, uma carreta tombou em uma pista duplicada e com um canteiro central gigante o que bloqueou ambas as pistas, imagino que o motorista tenha dormido no volante. 5 horas depois estávamos em Brasília, Jessica se assustou com o tempo que levamos para adentrar de fato em Brasília e sair das cidades satélites.
(Restante do) Dia 1
Fomos muito bem recebidos pelo meu primo (e padrinho) Alexandre e sua noiva Luana. Por se tratar de um dia de semana e após a longa viagem nos reservamos a pedir uma boa pizza, tomar um espumante e recebemos uma inesperada apresentação de Brasília, com direito a "slides" na TV e comentários precisos de um -- agora -- brasiliense.

A única imagem do primeiro dia :)
Dia 2
O dia começou cedo, a coleta de dados estava marcada às 09:30. O aeroporto é bem fácil de chegar a partir da casa da minha tia: "É só pegar o eixão", eles diziam. Depois de algumas voltas devido a reformas na via, mesmo seguindo o GPS e sendo fechado pelo trânsito brasiliense, conseguimos chegar no aeroporto. Pedimos informação sobre onde ficava o posto de coleta e chegamos sem muita dificuldade com uma boa antecedência.
Foi tudo muito breve, mesmo chegando previamente ao horário marcado, fui atendido e apenas coletaram minhas digitais, passaporte e formulário DS-160 (documento necessário para o processo de visto). Menos de 20 minutos depois já estávamos voltando para nossa casa temporária.
Nossa segunda noite teve uma programação maravilhosa e nossa primeira parte dos passeios.
Para começar nos dirigimos ao Mané, localizado na parte de fora do estádio Mané Garrincha. É um local aberto, arejado e funciona como uma galeria de restaurantes e bares. Chamou a atenção pela variedade de pratos e atendimento único (Isso me surpreendeu muito, com um único garçom você pode pedir qualquer coisa de qualquer lugar).
Conseguimos chegar ainda em horário de Happy Hour e foi possível aproveitar 50% OFF nos drinks mostrados abaixo, mesmo não gostando de Gin foi o meu favorito. Pedimos para acompanhar uma tábua de cubos de costela, com queijo (bem queijudo), cebola e batatas fritas.
De lá, partimos para uma ludoteca chamada Carcassone (sim, como o jogo). Ela é temática de forma medieval e tinha uma coleção de jogos grandiosa. Jogamos os jogos: Cards Against Humans, Entre Linhas e Coup. Os dois primeiros sendo novidades para mim.

Estádio Mané Garrincha

Gin, cajú, limão e Angostura. Vodka, seriguela com pimenta de cheiro, limão e flor de sal

Ludoteca Carcassone
Dia 3
Mais uma vez me organizei para chegar com antecedência, e cheguei 30 minutos antes do horário agendado. Dessa vez, o local era no consulado americano. Foi um pouco mais difícil de chegar e o "estacionamento" é uma bagunça total. Achei irônico o consulado russo ficar em frente.
Não é permitido entrar com o celular. Empunhava um envelope com todos os documentos que eu podia pensar me ajudar a conseguir a aprovação. Portas blindadas. Seguranças armados. Primeira etapa é passar por uma sala cujo único intuito é um detector de metais. Depois parece uma casa antiga, com uma varanda e corredores que te levam uma sala idêntica a um banco.
Passaporte entregue na entrada, havia muito mais pessoas lá esperando do que eu imaginara. Pessoas chamadas pelo nome e fiquei com a impressão de que famílias são chamadas com prioridade. O tempo realmente demorou a passar ali. Mas era só uma ilusão dada pelo tédio de estar sentado, esperando, sem celular em um momento -- que para mim, era -- tenso.
Meu nome foi chamado. Fila. Estou literalmente na boca de um caixa de banco -- me lembrei quando era criança e fazia pagamentos para minha mãe. Ouço um senhor de 40 anos vestindo um terno folgado dizer que: "Vou para Miami com a minha filha... É o meu sonho ir para lá com ela". Não me convenceu muito. Sem eu ter ouvido a resposta destinada à ele, ele foi-se embora e o fofoqueiro que habita em mim sofreu muito. Eu era o próximo.
-Passaporte?
-Aqui
-Com quem o senhor vai para Nova Iorque?
-Com a minha prima, vou para Orlando e Nova Iorque
-Mas vai só vocês dois?
-Não, vamos de excursão
-Já foi para fora do Brasil?
-Já, para o Canadá
-Seu visto foi aprovado
Eu fiquei tenso por uma entrevista que não durou nem um minuto, foi um alívio muito grande ter saído dali e ir embora com minha missão concluída.
Cheguei em casa. Mais um dia de trabalho, mas no almoço fomos ali perto em um self-service delicioso.

Petit Gateu com morango, hortelã, cereja e sorvete de creme

No caminho aproveitei para buscar Lírios pra Jessica e Orquídeas para minha tia
A noite caminhei na vizinhança com o meu tio e quando chegamos saímos para jantar, para comemorar o aniversário dele. Fomos ao restaurante Fausto e Manoel, localizado em um dos postais de Brasília, o Pontão do Lago. Lá é lindo a noite -- e de dia, parece que está a noite.

Vista do Pontão do Lago
Dia 4
Sábado. Visto já aprovado. Sem trabalho. Apenas conhecer Brasília e com as melhores companhias que eu poderia ter.
A caminho do Museu
Biblioteca Nacional
O dia começou cedo, saímos de casa no início da manhã e o primeiro destino foi o Museu Nacional. Haviam algumas exposições na data que fomos: "Darel Centenário", "Os olhos do Xingu" e "Da Terra que Somos".
Área Externa do Museu Nacional

Fotografando algumas obras de arte no Museu. O flash não é permitido.
Primeiro Salão ao entrar no Museu Nacional
Pintura no Museu Nacional
Pintura no Museu Nacional
Pintura no Museu Nacional
Pintura no Museu Nacional
Escultura no Museu Nacional

Pintura no Museu Nacional
Do lado de fora do Museu Nacional, havia um anexo onde havia uma outra exposição e que foi magnífica. O nome da exposição era "Arte: Estrela do Silêncio", onde tivemos o privilégio de encontrar o artista das obras, Marcos Anthony, pessoalmente. O artista nasceu surdo e suas obras refletem isso ao longo de toda a sua vida. Ele esbanjou uma felicidade imensa ao nos receber e várias das suas obras tratava de sua família e que por coincidência, no dia em que fomos, seus pais fariam 50 anos de casados se ainda estivessem vivos.
Anexo do Museu Nacional
Primeira obra de arte de Marco Anthony
Pais do artista se casando, enquanto a mãe o gestava

Obras que retratam o artista em viagens pelo mundo

Obras que retratam o artista surdo com asas no ouvido pintando

Obra de Marco Anthony

Obra de Marco Anthony
Depois, visitamos a Catedral de Brasília, projetada por Oscar Niemeyer e com vitrais de Marianne Peretti. As obras de Niemeyer são lindas por fotos, mas pessoalmente são impressionantes (mesmo eu não sendo o maior fã de arquitetura modernista).
Uma das partes mais curiosas da catedral é a sua acústica, é possível sussurrar em um pilar e no pilar oposto se ouve como se estivesse ao lado da pessoa que emitiu o sussurro. Nos divertimos bastante com isso e pessoas desavisadas nos olhavam com olhares de curiosidade.
Vista externa da Catedral com flores em volta
Placa indicando a Catedral
Vitrais da Catedral por Marianne Peretti e Anjos de Alfredo Ceschiatti e Dante Croce
Depois da Catedral, fomos ao Congresso Nacional. Mais uma das obras de Niemeyer e foi possível escrever cartões postais para amigos totalmente gratuito. Os cartões exibem uma foto do congresso e você pode destinar a quem você quiser, depois basta depositar em uma urna. No dia em questão o congresso estava aceitando visitas, sendo totalmente guiadas por uma guia e saindo a cada meia hora. Por sorte conseguimos também o acesso a uma curta-metragem em realidade aumentada chamada o "O Sonho de Abdias" que faz referência ao primeiro senador negro, Abidas do Nascimento.
Congresso visto da Praça da Bandeira
Entrada do Congresso

Túnel do Tempo mostra a história do Brasil
Cédulas antigas brasileiras
Obra de Vik Muniz feita com os destroços de ataques ao Congresso
Vasos quebrados no ataque ao Congresso
Obra Candangos de Di Cavalcanti no interior do Congresso
Túnel do Tempo

Interior do Senado
Interior do Senado, o teto me chamou bastante a atenção
Depois disso fomos a catedral Dom Bosco -- não é um lugar turístico, mas deveria ser devido a sua beleza em seu teto e vitrais azuis. Fomos também ao Itamaraty, porém não estava aceitando visitas. Por fim, Torre de Rádio e a feirinha que tem ao lado. Infelizmente, o elevador quebrou enquanto estavamos na fila para visitação, então conhecemos apenas pelo lado de fora. E uma pausa para tomar um açaí no Pontão do Lago durante o pôr do sol.

Catedral Dom Bosco

Torre de Rádio
Praça da Torre de Rádio

Palácio do Itamaraty

Pontão do Lago, a tarde
Fim do dia. A noite saímos para jantar no Beirute, o restaurante serve comida árabe e faz o quibe com coalhada mais gostoso que já comi.
Último Dia
No último dia, foi dia de despedidas. Nos despedimos da cidade que tanto gostamos de visitar, para finalizar com chave de ouro fomos almoçar no Mangai. A dica dos residentes é certeira: "Antes de servir, conheça a pista inteira!". Feito e dito, no Mangai há muita variedade e se for servindo conforme vê os pratos, a comida não caberá no prato!

Ponte JK, um dos postais de Brasília. Cruzamos ela por acidente, no caminho de volta para Uberlândia

Lembranças que trouxemos de Brasília, um postal da Ponte JK e um imã de Geladeira